sábado, 6 de junho de 2009

por me deixar respirar, por me deixar existir. deus lhe pague.

E cá estamos nós. Você me evitou por um dia inteiro, me evitou quatro vezes. Fechou os olhos, chorou, pediu pra parar, usou dos teus dotes inúteis mas você sabe que nada vai me parar. Por que eu sou você. E sou você efetivamente e não um tipo de eu lírico, porque o teu eu lírico te passou a perna e foi embora também, como todo mundo vai.
Não tenta de nenhum jeito me evitar de novo, olha bem como você fica?
Sabe, cara, eu nunca gostei de você. Nunca mesmo, porque te acho frágil.
Eu não gosto de coisas frágeis.
Mas existem algumas coisas que eu admiro em você. Uma delas é a tua inocência.
Sabe que inocência é algo que quase ninguém tem mais?
E você tem, tem muita.
É admirável alguém ter tamanha coragem de ser inocente nesses dias desleais que a gente tem que viver.
Mas enfim, eu vim dizer uma coisa: a culpa não é de ninguém, sabe?
Não é dela, não é da sua mãe, nem dos amigos que você não tem, de ninguém.
A culpa é toda sua.
Quem faz essa bagunça na tua cabeça e no resto que resta do teu coração é você mesma.
E eu vou te dizer uma coisa: tudo que você imagina aí na tua cabecinha de merda, é a mais pura verdade.
Não tem espaço pra você e nem nunca vai ter.
As outras são melhores que você sim, e sempre serão.
Você é um fato isolado, lembra o que te diziam no colégio?
É, sua mãe não te pariu, ela te cagou.
Ou até aquela bem antiga: Deram a placenta pra sua mãe amamentar.
E você sabe desde o começo que existem duas opções: aceitar ou se matar.
Como você não tem coragem de se matar porque tem medinho do que virá depois, aceita logo, sabe?
Vai doer menos, eu juro que vai.
Então é isso: aceita, sabe? E consequentemente, desiste.
Desiste dos teus amores, porque como diz o nosso amado Morrissey, só pedra e ferro aceitam essa bosta aí que tu chama de amor.
Ninguém quer pureza, dude. O povo quer realidade, o povo quer coisas palpáveis.
Ninguém quer amor dependente, sabe? Ninguém quer te ter do lado, ninguém quer te ter por baixo e nem por cima.
Sua vida não passa de uma música dos Smiths.
Last night i dreamt that somebody loved me, never had no one ever, that joke isn’t funny anymore, well I wonder, I know it’s over, hand in glove, a lista é grande.
Então desiste.
Seus objetivinhos? Desiste também.
Não vai dar nada certo.
Don’t get any big ideas, they’re not gonna happen, lembra?
Eu sei que você não esquece, anda fazendo a lição direitinho.
Então fica de boa aí na tua, cai fora de todas as coisas que você chama de tentativa, porque NÃO vai dar certo, tá ouvindo?
Isso, chora. Chora bastante. Porque isso você tem direito, o resto não.
O resto é pra quem sabe viver, you know? E isso você não sabe fazer.
Você acha que só por que se dá pras pessoas, porque não é e nem nunca foi egoísta, as pessoas vão te saudar?
Vão todos te pisar, sua babaca.
É assim que funciona: Viram uma cabeça abaixada pra pisar? Eles pisam. Não interessa se você tá de cabeça baixa pra olhar alguma coisa no chão, eles pisam.
E você é diferente deles, né?
Você não pisa. Você não faz nada de bom. Nem de ruim.
É esse o teu problema.
Você não tem atitude.
Não adianta tentar mudar nem nada disso, porque você sabe que é em vão.
Qual o quê? Desde quando você tem fé assim? Desde quando você acha que pode ser diferente?
Não vai ser diferente nunca, Iria.
Teu futuro a gente não precisa de borra de café ou de cartomante pra ver.
É só olhar pra tua cara.
Pros teus olhos pidões.
Você acha que pedir adianta?
Se adiantasse, minha filha, não existiria mendigo no mundo.
Então te orienta que a vida não vai parar pra você chorar.
O fluxo natural vai continuar seguindo, te porrando na cabeça, rindo da tua cara enquanto você fica aí, dando uma de coitadinha, pedindo abraço.
Desde quando abraço se pede?
Se alguém quisesse te abraçar, te abraçariam de graça, você não precisaria pedir.
Eles abraçam, claro.
Até eu abraçaria, dá pena.
E o fim disso aqui não vai ser um ‘eu gosto de você, na verdade’ porque não, eu não gosto.
Eu não sou diferente dos que te cercam.
Só sirvo pra te jogar umas coisas na cara, quando você merece.
Então continua na tua vida aí, com teus planinhos, arranja um emprego, paga teus vícios e quando você tiver na merda e não tiver mais ninguém (normal), alguém do INCA segura tua mão na hora da tua morte.

Ps: posta no teu blog sim, daí você nunca mais esquece que você é o que você faz: uma mentira.

Um comentário:

maria louca disse...

mais do que deus lhe pague, é construção.