terça-feira, 13 de outubro de 2015

sábado, 10 de outubro de 2015

Snuff.

Escrevo pra não falar com você.
Você sabe o quanto isso é triste? É triste não falar com você e é triste ter que escrever um textão pra aliviar tudo que sinto.
Acho algumas artimanhas incríveis, espero que essa dê certo.
Acho que estou na pior fase da minha vida. Tá tudo acumulado. Tanta raiva, tanta angústia, tanta tristeza. Tem coisa boa também, mas não quero falar de coisas boas.
Tenho plena consciência de que minha visão tá prejudicada pelo meu estado de espírito, mas isso não importa também. Se eu sinto, é real.

Eu queria saber como você está. Mas de verdade, sabe? Não a superfície, não o "como vai a faculdade?"
Queria saber se você tá comendo de 3 em 3 horas, o que anda ouvindo, o que tem te deixado feliz. Mas não posso saber de nada disso e isso é aterrorizante. Li outro dia o quanto é bizarro fazer parte da vida de alguém, saber de coisas íntimas, saber dos sonhos, dos medos e simplesmente ter que fingir que não sei. Ter que passar por você na rua - o que ainda não aconteceu, ainda bem - e ter que agir como se não te conhecesse. Agir é fácil, o problema é que eu conheço. Sei sua cerveja preferida, a parte do seu corpo que se arrepia com um toque, sei onde você sente cócegas, sei a origem das suas cicatrizes e posso garantir pelo menos uns 10 artistas em qualquer playlist sua. Mas preciso de artimanhas pra não pensar nisso. Preciso me podar o tempo todo pra não pensar em você. Não pensar que você sonha em ir pra Itália, pra um show da Taylor Swift e que você se mexe muito antes de conseguir dormir. Sei também que não interessa pra você que eu saiba de tudo isso, outra pessoa sabe das mesmas coisas e você está bem assim. Queria estar genuinamente feliz por isso, mas não estou. Talvez um dia eu esteja, é o que eu espero, mas não estou ainda.
Todo mundo diz, incluindo eu mesma, que eu procurei tudo isso. Mas veja bem, naquela época também era real sentir que não te queria na minha vida. Já foi assim pra você também. Mas uma hora o jogo de perdão chega ao fim. Você tá amando de novo. Você tá amando de novo. Repito isso todos os dias. Você tá amando de novo.

Eu estou te amando de novo. Como se algum dia já tivesse deixado de amar, sabe? Tô amando como se não te conhecesse, porque é isso que eu vivo: perder uma informação sua por dia. Tentar esquecer, seguir em frente. E eu que julgava ser difícil conhecer você, imagina como tá sendo desconhecer...
Todas as noites quando deito pra dormir lembro de você. Lembro de você de manhã. Vou pro trabalho observando as plataformas das estações de trem, conto quantos 378 passam pela avenida Brasil enquanto meu ônibus está nela. Ontem foram 7 e você não estava em nenhum deles. Você nunca está em lugar nenhum que eu esteja também.
Semana passada fui pro garage. E na retrasada fui pra Lapa.
No garage fiquei jogando sinuca e bebendo. Cada segundo livre (de não ter que encher meu copo ou prestar atenção na jogada) eu olhava pro lado de fora dos bares esperando te ver. Esperando não te ver, mas esperava te ver. Mas queria não te ver. E queria te ver. Queria te ver sozinha, não pra falar com você, mas só pra te ver sozinha. Pra não cravar mais uma estaca no meu peito, a estaca de te ver de mãos dadas ou cheia de amores pra outra pessoa. Porque essa é você agora: alguém que dá amor deliberadamente pra alguém que talvez seja mais merecedora do que eu fui. E eu queria estar genuinamente feliz por isso, mas não estou.
Queria te contar tanta coisa da minha vida. Queria que você soubesse que meu sobrinho teve febre hoje. Ou que eu tomei um susto com meu próprio cabelo. Que eu ando ouvindo muito slipknot, você ia dar risada disso, eu acho.
Queria não ter te expulsado da minha vida, mas apenas estaria chafurdando em outro tipo de merda se me apegar aos "e se?". E a merda que chafurdo agora é o caminho mais doloroso pra isso passar. Penso em você bebendo com ela. Indo pro motel, viajando, indo pra sua casa, rindo em mesa de bar. Penso se vocês se encontram antes ou depois das 20h, penso se vocês se veem todos os dias ou só fim de semana. Penso se ela tem religião. Se ela usa roupas com renda. Penso se ela se atrasa. Penso se você ainda dorme pouco, se você ainda pinta as unhas de vermelho. Penso também se ela gosta disso. Penso se você usa vestido quando sai com ela, ou algum tipo de sapato que não seja tênis.
Penso se vocês gostam do mesmo sabor de pizza, se ela assiste Sense8.
Penso em que tipo de lugar ela gosta de ir com você. Penso se vocês vão no cinema... E se vão, se você faz carinho na mão dela ou na perna. Penso o quanto você deve gostar do corpo dela, afinal você ama. Você ama.

O tempo que eu tô com tudo isso na cabeça, todo dia e toda hora tá meio exagerado. Eu preciso que isso acabe. Eu preciso matar o máximo de coisa possível pra que isso acabe. Eu desacostumei a sofrer. Tudo estava no seu devido lugar, eu me sentia adulta, no controle. Foi bom ficar com você de novo, foi bom namorar com você de novo. Foi bom fazer novas promessas, foi bom te fazer rir. E todo sofrimento por ter terminado contigo era justificado. Agora não é. Eu sinto uma saudade absurda de coisas mais absurdas ainda. Eu adorava quando você tocava em mim, cara. Era sinistra a sensação. A cada dia que passa lembro de uma vez nova. E me desespero quando penso que não vai existir de novo. Penso no quanto, mesmo nos nossos piores estágios, eu podia chegar na sua janela e mandar um oi. Sem intenção, sem jogos. Era só um oi-tudo-bem. E aquilo valia. Hoje em dia não posso. Eu queria estar genuinamente feliz por isso, mas não estou.
Eu também queria que você soubesse que amo você. Não do jeito dela, não do jeito que você vive agora, mas amo. Queria tocar no seu rosto mais uma vez.
Achei um vídeo besta do carnaval de 2013. Por um acaso muito engraçado, no fundo desse vídeo aparece a gente se beijando. E lá tem o movimento das suas mãos no meu cabelo enquanto me beijava. É lindo de morrer.

Eu queria muito mesmo que tudo isso acabasse. Que eu fosse capaz de dormir em paz, ou viver pelo menos um dia da minha vida sem pensar nessas coisas todas. Queria até que aquele negócio de brilho eterno de uma mente sem lembranças existisse. Queria pra poder esquecer e pra poder relembrar. Talvez te encontrar de novo, sabe? Acho que você teria feito pra esquecer também. Hoje em dia não, afinal, você tá realmente bem. Mas fico imaginando a gente se encontrando de novo. Imagino se você se apaixonaria por mim de novo. Se ainda acharia minha timidez bonitinho ou se você anda curtindo outro tipo de personalidade.
Queria ser sua amiga, caso a possibilidade amorosa desse errado. Você é divertida, você é meio maluca. A gente ia rir bastante.
Fico pensando se um dia a vida dá uma volta e a gente se entende outra vez. Ou melhor, se você volta. Eu iria ficar na merda. Mas você já esteve nessa situação e superou, eu também conseguiria, eu acho.
Você tem passado mal depois de beber? Você ainda se importa com seu peso? Você ainda fala "que isso, cara"?
Ontem pedi pra Deus um sinal que pudesse me ajudar na hora de me convencer de alguma coisa. Outro dia salvei seu número de novo no meu telefone, e seu status era "eu sinto muito blues". Me perguntei se você ainda pensa em mim. Não ligo pra essa resposta pois não seria da forma que eu quero que pense. Vi a hora que você ficou offline de vez. Você deve ter saído aquele dia. Será que roubaram o batom que eu te dei? Será que ele acabou? Será que você ainda usa a blusa meio branca?
Eu queria todas as respostas, mas estou me reacostumando a não saber de nada. Tô me readaptando em mim mesma. É estranho voltar a ser a mesma pessoa que te encantou um dia, pelo menos em partes. Porque aquela pessoa existiu pra você, por causa de você, e agora continua sendo assim. A diferença é que não tem você. Tem meu esforço pro esquecimento. Tem pedido de sinal pra Deus. Tem uma vontade terrível de receber uma mensagem sua. Tem a vontade mais terrível ainda de que isso acabe.
Você tá amando de novo. Pretendo repetir isso até parar de doer.