"Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para
fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e
com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem
magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos,
apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão
nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a
solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente.
E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e
se sucedem e deixam sempre sede no fim."
Caio Fernando Loureiro de Abreu.
“A epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só deste texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei” .
2 comentários:
...mas assim eu nunca vou aprender a escrever
me atiro de olhos fechados no escuro =D
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