domingo, 2 de março de 2008

a minha verdade escrita em outra grafia

"Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para
fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e
com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem
magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos,
apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão
nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a
solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente.
E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e
se sucedem e deixam sempre sede no fim."



Caio Fernando Loureiro de Abreu.
A epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só deste texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei” .

2 comentários:

Rayla disse...

...mas assim eu nunca vou aprender a escrever

Rayla disse...

me atiro de olhos fechados no escuro =D