terça-feira, 23 de outubro de 2007

i jumped in the river and what did i see?

"quantas vezes você já se questionou se há algum caminho?
se há caminhos?
o da direita e o da esquerda...
já chegou a decidir qual trilhar?"

disse a psicóloga do canal de tv.

ela encarou como se fosse nada
e realmente era nada.
pra quê prestar atenção nas coisas que psicólogos dizem?
são todos uns picaretas, que ganham dinheiro pra ouvir coisas
e dizer coisas que já foram ditas
frases de efeito ridículas.
se você é jovem, dizem que é fase.
se você é velho, ainda há tempo.
e pra quem tá em estado terminal?

-pff.

levantou-se, caminhou até a cozinha
deitou o cigarro sobre o cinzeiro e esticou-se pra alcançar as latas de mantimentos
-chá ou café?
pegou o pó.
pôs a água pra ferver enquanto foi procurar algo pra ouvir
afinal, eram 2 da madrugada e ela estava sem sono.
e sem o mínimo de preocupação com o chefe que no dia seguinte provavelmente não se importaria com sua insônia.

- é esse - falou sozinha.
ignorou o início do disco e tudo finalmente começa com barulho de um relógio.

estava tudo perfeito:
chuva, folga, cigarros, café, a noite, um gato.

foi até a cozinha, jogou o pó dentro d'água que já fervia, um pouco-muito de açúcar e tomou aquela água preta com rastros de pó nos lábios, nos cantos da boca, nos dentes e na língua
mas quem se importa?

o cigarro já era.
acendeu outro e antes que pudesse dar o primeiro trago tossiu de forma desesperadora
mas isso não impediu de que ela se matasse um pouco mais com um desses cânceres caros.

sentou em sua poltrona de couro azul, um pouco destruída
sabe como é... gatos.
apoiou os pés sobre uma mesa que só servia pra pôr os pés e pra servir de depósito pra inúmeiras meias páginas rabiscadas.

fumava e tomava seu café, nada mais importava nos próximos 4 minutos... já havia passado 3.

olhando a chuva cair tão sem pressa...
pensou ela:
- qual caminho será que eu trilho?


pink floyd - time

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